"Assim, tal como escreveu Orlando Ribeiro, os habitantes de Castro Laboreiro viviam «uns em povoações que habitam todo o ano, outros em brandas e invernieiras, que servem, como o nome indica, de moradias de Verão e de Inverno. São umas e outras aldeolas compactas, de casas colmadas e idênticas às [...] de construção mais cuidada na branda, como lugar onde se passa mais tempo.
As brandas estão quase todas acima de 1000 metros, junto de ribeiras, nas vertentes ou nas lombas que separam pequenos vales. As invernieiras abrigam-se nos vales da ribeira de Castro Laboreiro e dos seus tributários, por onde penetram as influências climáticas do Meio Dia, a que estão expostas; umas logo abaixo da superfície do planalto, outras nas proximidades de 700 ou 800 metros.
A população passa na branda a maior parte da Primavera, o Verão, o Outono; em Dezembro começa a baixar para a inverneira (para em baixo), onde toda a gente deve estar na noite de Natal. É verdadeira migração global, que se realiza a pé e em carro de bois, transportando-se para baixo gados, criação, utensílios, roupas e até o gato atado com um cordel a um fuelro. As casas da branda ficam fechadas e desertas enquanto duram as frialdades e tempestades de Inverno. Em Março ou Abril, isto é, pela Páscoa, sobem para a branda (para em riba), donde descem, para trabalhar a terra ou colher o renovo, por um dia, voltando a dormir à branda».
Este sistema de povoamento está hoje em dia posto em causa pelas profundas transformações decorrentes do êxodo rural, fazendo com que as inverneiras mais expostas tendam para o abandono, provocando assim uma nova mutação na paisagem.
Lugar maior deste isolado planalto do Noroeste é a povoação de Castro Laboreiro, antiga atalaia de fronteira que se ergue a cerca de 1000 m de altitude e que impressionou desfavoravelmente alguns dos forasteiros que a frequentaram. «Seus moradores ali vivem em choupanas de colmo e alguns até em covas no chão», escrevia um funcionário da Fazenda Pública em 1843, enquanto José Augusto Vieira, o autor de Minho Pitoresco (1886), acrescentava, referindo-se ao interior das habitações, ser «o que há de mais sórdido, de mais negro pelo fumo e de mais anti-higiénico...»
Construída com granito arrancado do solo, usando a madeira das matas, a palha de centeio e a urze que existia em profusão, a casa, como em muitos outros locais de Portugal, era abrigo para homens e animais e armazém de alfaias e produtos da terra. A cor e a própria forma proporcionavam uma tal integrarão na paisagem que, à distância, e tal como ainda acontece nos lugares que se mantiveram mais à margem da evolução recente, as habitações se confundiam com as formas variadas que a penedia adquire em Castro Laboreiro.
Hoje em dia todo este quadro já não corresponde à realidade, dado que o surto de construção que se abateu sobre o povoado não apenas submergiu parte importante do passado, e sobretudo muito do que ele continha de negativo, como conferiu ao todo, devido fundamentalmente aos critérios arquitectónicos e de implantação empregues, o tom incaracterístico que ora se pode observar."
In: A página não oficial da Serra mais espectacular de Portugal
As brandas estão quase todas acima de 1000 metros, junto de ribeiras, nas vertentes ou nas lombas que separam pequenos vales. As invernieiras abrigam-se nos vales da ribeira de Castro Laboreiro e dos seus tributários, por onde penetram as influências climáticas do Meio Dia, a que estão expostas; umas logo abaixo da superfície do planalto, outras nas proximidades de 700 ou 800 metros.
A população passa na branda a maior parte da Primavera, o Verão, o Outono; em Dezembro começa a baixar para a inverneira (para em baixo), onde toda a gente deve estar na noite de Natal. É verdadeira migração global, que se realiza a pé e em carro de bois, transportando-se para baixo gados, criação, utensílios, roupas e até o gato atado com um cordel a um fuelro. As casas da branda ficam fechadas e desertas enquanto duram as frialdades e tempestades de Inverno. Em Março ou Abril, isto é, pela Páscoa, sobem para a branda (para em riba), donde descem, para trabalhar a terra ou colher o renovo, por um dia, voltando a dormir à branda».
Este sistema de povoamento está hoje em dia posto em causa pelas profundas transformações decorrentes do êxodo rural, fazendo com que as inverneiras mais expostas tendam para o abandono, provocando assim uma nova mutação na paisagem.
Lugar maior deste isolado planalto do Noroeste é a povoação de Castro Laboreiro, antiga atalaia de fronteira que se ergue a cerca de 1000 m de altitude e que impressionou desfavoravelmente alguns dos forasteiros que a frequentaram. «Seus moradores ali vivem em choupanas de colmo e alguns até em covas no chão», escrevia um funcionário da Fazenda Pública em 1843, enquanto José Augusto Vieira, o autor de Minho Pitoresco (1886), acrescentava, referindo-se ao interior das habitações, ser «o que há de mais sórdido, de mais negro pelo fumo e de mais anti-higiénico...»
Construída com granito arrancado do solo, usando a madeira das matas, a palha de centeio e a urze que existia em profusão, a casa, como em muitos outros locais de Portugal, era abrigo para homens e animais e armazém de alfaias e produtos da terra. A cor e a própria forma proporcionavam uma tal integrarão na paisagem que, à distância, e tal como ainda acontece nos lugares que se mantiveram mais à margem da evolução recente, as habitações se confundiam com as formas variadas que a penedia adquire em Castro Laboreiro.
Hoje em dia todo este quadro já não corresponde à realidade, dado que o surto de construção que se abateu sobre o povoado não apenas submergiu parte importante do passado, e sobretudo muito do que ele continha de negativo, como conferiu ao todo, devido fundamentalmente aos critérios arquitectónicos e de implantação empregues, o tom incaracterístico que ora se pode observar."
In: A página não oficial da Serra mais espectacular de Portugal
6 comentários:
os textos são interessantes, mas quando publicam textos da vossa autoria?! se não basta escreverem a fonte de onde retiraram os textos, e lá iremos ler...
Olá! Obrigado pelo teu comentário.
De facto, temo-nos limitado a reproduzir textos de terceiros… Claro que pretendemos escrever textos nossos, pessoais, mas como deves calcular isso exige tempo que nem sempre temos disponível…
Mas desde o início que também nos disponibilizámos para publicar textos dos “nossos leitores”, por isso se nos quiseres mandar um texto teu, agradecemos! :-)
De facto a originalidade não é para todos!
O único blog sobre CASTRO que tem informação minimamente original é o "LONGE DE CASTRO LABOREIRO"´, para além disso só existe este Blog da M. da Castrejinha.
Essencialmente só há estes dois que acabam por se complementar, isto embora a "Castrejinha" e "M" no seu Blog "Castro Laboreiro" vão buscar umas ideias ao autor do "Longe de Castro Laboreiro que é de léguas muito mais culto e criativo! Contudo gosto do blog da "Castrejinha e da "M" porque com os seus "copy/pastes" acabam por nos trazer informação que mais ninguém se lembraria de investigar (bom talvez o tipo do "LONGE DE CASTRO LABOREIRO" chega-se lá! Mas isso é outra conversa!)
Continuem menina(o)/s pois têm visitantes assíduos! Como eu!
Olá! Agradeço o teu comentário, sobretudo a parte do incentivo para continuarmos o blog.
Mas tenho de discordar de algumas partes do teu comentário: ao contrário do que dizes, não é ao autor do blog “Longe de Castro Laboreiro” que vamos buscar as nossas ideias. É natural que haja informações semelhantes, mais isto porque ambos os blogs fazem uma recolha de informações sobre Castro.
Além disso, pode ser que conheças o autor do blog “Longe de Castro Laboreiro”, mas a mim não me conheces e não me parece que tenhas dados suficientes para concluíres que ele seja “de léguas muito mais culto e criativo” do que eu ou do que a castrejinha.
E, sim, “a originalidade não é para todos”, mas nós nunca pretendemos que este fosse um blog apenas com textos originais. Queremos com este blog divulgar informação existente sobre Castro e, eventualmente, se e quando nos apetecer, escrever textos nossos. Além de que alguns aspectos do nosso blog são únicos ou, pelo menos, são abordados de uma forma única, como, por exemplo, o “Dicionário castrejo”.
Acredito que o teu comentário seja positivo e por isso agradeço-to! Mas não podia deixar de discordar com algumas das coisas que dizes.
Espero que continues a visitar o nosso blog e a deixar comentários!
Meninas,
Não liguem!
Desde logo nunca me senti copiado, apesar de, como é óbvio, existirem interinfluências mútuas que são mais que naturais dado que tanto o meu Blog como o vosso são, a nível de estrutura e conteúdo, pioneiros no que diz respeito à Blogosfera Castreja. E digo desde já uma dessas interinfluências: - A ideia de fazer as Notas Toponímicas de Castro Laboreiro surgiu-me após ter visto que vocês estavam a fazer o Dicionário Castrejo.
Por outro lado não me sinto, como nunca me senti, mais culto e criativo, do que ninguém!
Dêem lá um descontinho a este anónimo, porque o rapaz, apesar de um pouco abrutalhado, quis ser simpático!
Beijinhos e continuem o vosso excelente trabalho.
Bocanegra,
Obrigado pelas tuas palavras de apoio.
Continuaremos o nosso trabalho porque acima de tudo acreditamos que estamos a fazer algo por Castro. E quantas mais pessoas houver a falar e divulgar Castro Laboreiro melhor nos sentiremos :-)
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