segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eólicas excluídas do Parque Nacional do Gerês

Autarcas queixam-se de que Governo continua sem autorizar a instalação na região de aerogeradores para produção de energia.


Apesar da insistência das populações, o Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), a publicar até ao final do ano, vai continuar a excluir a possibilidade de instalação de aproveitamentos eléctricos como aerogeradores ou mini-hídricas, apurou o DN. Isto apesar de haver algumas cedências noutros pontos do documento inicial após a sua consulta pública. Aerogeradores no parque é que está fora de questão.

"Vamos fazer barulho para que seja possível ou então que nos compensem de alguma forma. Mas em Lisboa o que se quer é um parque sem pessoas, só com animais. Neste momento, os animais menos protegidos somos nós, as pessoas", insurgiu-se ao DN o presidente da Junta do Soajo. Manuel Costa é um dos principais rostos da contestação às imposições colocadas a qualquer actividade no PNPG. O que só serve para "levar os novos para longe", acusa. "É uma terra que agora, chega o Inverno, e a partir das 18.00, não se vê ninguém. É a desertificação total. Ficam só os animais", acrescenta.

A ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, garantiu esta semana que o plano de ordenamento, alvo de muitas críticas pelas populações dos cinco concelhos que integram estará publicado até final do ano. "O período de consulta pública terminou. Houve muitas sugestões, críticas, negativas e positivas, e, agora, analisados esses contributos e a sua compatibilidade com a legislação comunitária, que é preciso respeitar, está-se a ultimar o documento", afirmou.

"A senhora ministra vai ter de ceder em alguma coisa. Porque o PNPG não tem gente nem tem dinheiro", diz Manuel Costa. Uma das medidas mais contestadas, e simples, do Plano - a necessidade de que qualquer intervenção tivesse o aval técnico de um dos arquitectos - já terá sido abolida. Assim como a garantia de apoio, como reclamavam os autarcas locais, à recuperação de antigas casas de florestais, pontões e outros estradões do parque.

De fora está a possibilidade de a serra, apesar dos promotores interessados, vir a receber as torres eólicas, um garante de investimento e lucros para as localidades.


Paulo Julião, Diário de Notícias, 20-10-2010

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