Até o Papa se rendeu ao ouriço
Empresa em Melgaço compra-os aos apanhadores das praias de Viana do Castelo, extrai-lhes as ovas e vende-as a indústrias conserveiras em Espanha.Um quilo do petisco chega a ser vendido a 45 euros o quilo em Itália
Se há alguns anos nas Astúrias (Espanha) se dissesse que um dia alguém iria comer os ouriços do mar que, ali, eram atirados à terra juntamente com excrementos de animais para adubar as culturas, ninguém acreditaria. Muito menos se fosse dito que esse alguém seria o Papa João Paulo II.
O certo é que em Agosto de 1989, aquando da sua visita ao santuário da Virgen de Covadonga nas Astúrias, o santo padre foi agraciado com um cabaz de produtos locais, entre os quais uma lata de ovas do outrora desprezado ouriço. Provou, gostou e fez questão de o dizer. O episódio ficou gravado na memória das gentes asturianas, principalmente, da dos fabricantes de conservas que começavam a fazer do ouriço um artigo de luxo, que hoje é pago a peso de ouro além fronteiras.
Júlio Alonso, 48 anos, 34 dos quais dedicados ao sector conserveiro na província das Astúrias, instalou recentemente uma unidade de exploração e distribuição de caviar de ouriços do mar em Melgaço, para aproveitar os recursos ao longo da costa entre Esposende e Viana do Castelo e de toda a Galiza. A Euromargem, em funcionamento na Zona Industrial de Penso, "é uma empresa familiar com sete a nove trabalhadores que fornece matéria-prima", diz o empresário. Ali, durante os seis meses das campanhas do ouriço, são extraídas as ovas, que, depois, são distribuídas frescas para empresas conserveiras galegas, No resto do ano, a unidade é rentabilizada com o fabrico de filetes de anchova. Segundo Júlio Alonso, na última campanha do ouriço, que ocorre entre Novembro e Abril, foram tratadas naquela fábrica cerca de 50 toneladas de animais marinhos, 19 das quais oriundas de praias vianenses, como Carreço, Afife, Castelo de Neiva e Praia Norte. Actualmente, existirão nessas zonas aproximadamente duas dezenas de apanhadores.
"O ouriço não se captura em mais lado nenhum. É uma novidade para o mundo. Para Espanha foi há 20 anos nas Astúrias", garante o empresário. "Antes ninguém os comia. Como é que iam comer um bicho tão feio, com espinhos, que pica?", brinca Júlio Alonso, comentando que o impensável aconteceu. "Em Itália neste momento está a valer uma fortuna. Chega-se a pagar 45 euros por quilo", conclui.
As ovas cor de laranja dos ouriços do mar, entram actualmente no mercado mundial, frescas, em conserva (em paté ou caviar) e congeladas, a preços elevados. Espanha, França, Portugal, Japão, Noruega e Itália, são os principais consumidores. Na Galiza a actividade da apanha do ouriço é feita por mergulhadores todo o ano e está totalmente industrializad. Em Portugal, a apanha só de faz na costa Norte, é artesanal e a legislação não impõe limites de qualquer espécie.
in Ana Peixoto Fernandes, Jornal de Notícias, 13/Julho/2009
O certo é que em Agosto de 1989, aquando da sua visita ao santuário da Virgen de Covadonga nas Astúrias, o santo padre foi agraciado com um cabaz de produtos locais, entre os quais uma lata de ovas do outrora desprezado ouriço. Provou, gostou e fez questão de o dizer. O episódio ficou gravado na memória das gentes asturianas, principalmente, da dos fabricantes de conservas que começavam a fazer do ouriço um artigo de luxo, que hoje é pago a peso de ouro além fronteiras.
Júlio Alonso, 48 anos, 34 dos quais dedicados ao sector conserveiro na província das Astúrias, instalou recentemente uma unidade de exploração e distribuição de caviar de ouriços do mar em Melgaço, para aproveitar os recursos ao longo da costa entre Esposende e Viana do Castelo e de toda a Galiza. A Euromargem, em funcionamento na Zona Industrial de Penso, "é uma empresa familiar com sete a nove trabalhadores que fornece matéria-prima", diz o empresário. Ali, durante os seis meses das campanhas do ouriço, são extraídas as ovas, que, depois, são distribuídas frescas para empresas conserveiras galegas, No resto do ano, a unidade é rentabilizada com o fabrico de filetes de anchova. Segundo Júlio Alonso, na última campanha do ouriço, que ocorre entre Novembro e Abril, foram tratadas naquela fábrica cerca de 50 toneladas de animais marinhos, 19 das quais oriundas de praias vianenses, como Carreço, Afife, Castelo de Neiva e Praia Norte. Actualmente, existirão nessas zonas aproximadamente duas dezenas de apanhadores.
"O ouriço não se captura em mais lado nenhum. É uma novidade para o mundo. Para Espanha foi há 20 anos nas Astúrias", garante o empresário. "Antes ninguém os comia. Como é que iam comer um bicho tão feio, com espinhos, que pica?", brinca Júlio Alonso, comentando que o impensável aconteceu. "Em Itália neste momento está a valer uma fortuna. Chega-se a pagar 45 euros por quilo", conclui.
As ovas cor de laranja dos ouriços do mar, entram actualmente no mercado mundial, frescas, em conserva (em paté ou caviar) e congeladas, a preços elevados. Espanha, França, Portugal, Japão, Noruega e Itália, são os principais consumidores. Na Galiza a actividade da apanha do ouriço é feita por mergulhadores todo o ano e está totalmente industrializad. Em Portugal, a apanha só de faz na costa Norte, é artesanal e a legislação não impõe limites de qualquer espécie.
in Ana Peixoto Fernandes, Jornal de Notícias, 13/Julho/2009
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