quarta-feira, 19 de agosto de 2009

As cinco portas do Gerês devem abrir todas ainda este ano



Há quase 40 anos, o primeiro director do Parque
Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), Lagrifa Mendes, sugeriu a criação das portas do parque, um ponto de recepção aos visitantes, onde lhes seria dado a conhecer um pouco do que podiam ver nas serras. A ideia é antiga, mas só neste século começou a tomar forma. Ainda este ano deverá ser possível, pela primeira vez, utilizá-las todas. A de Lindoso, em Ponte da Barca, é inaugurada no final do mês.
As portas do PNPG serão cinco, tantas quantos os municípios que o integram. A ideia avançou lentamente e só depois do ano 2000 é que se começaram a traçar planos concretos. Hoje, estão em funcionamento duas das portas previstas.

A associação de desenvolvimento
regional Adere-Peneda-Gerês está a desenvolver um estudo sobre a forma de gestão das portas. Para já, as autarquias são as responsáveis por estes equipamentos, mas o desafio da Adere passa por criar "uma rede de gestão conjunta", refere a directora da associação, Sónia Almeida. O projecto, financiado pelo QREN, pretende tornar as cinco portas "complementares", criando um programa de animação conjunto, com eventos culturais, programas ambientais e iniciativas de marketing que envolvam os municípios. O projecto ensaia agora os primeiros passos e conta dar frutos dentro de dois anos.

Os bons resultados
da primeira porta do Parque Nacional, inaugurada há cinco anos, em Lamas de Mouro, Melgaço, são um bom prenúncio. E, desde 2006, a porta de S. João do Campo, em Terras de Bouro - que funciona no Museu Etnográfico de Vilarinho da Furna - tem também registado um aumento do número de visitantes.

As
outras três portas estão quase prontas a abrir. No final deste mês, começa a funcionar a porta central do Parque Nacional, no concelho de Ponte da Barca. A estrutura está instalada no Castelo de Lindoso, a três quilómetros da fronteira espanhola. Esta será a única porta transfronteiriça do PNPG, permitindo a ligação entre a área protegida portuguesa e o Parque Natural Baixa Limia/Serra do Xurés, criado em 1992.

A porta de Ponte da Barca chegou
a estar prevista para a freguesia de Entre Ambos-os-Rios, mas, há dois anos, a autarquia entendeu que seria preferível criá-la em Lindoso. Com o investimento - avaliado em 900 mil euros -, a fortificação beneficiou de obras de renovação, o que permitiu criar um núcleo museológico militar, lembrando o tempo em que aquele castelo foi um importante reduto de defesa da fronteira. No interior da muralha existirá um núcleo explicativo das características de fauna e flora do parque, bem como do património histórico existente no concelho. Do lado de fora, junto do maior conjunto de espigueiros de Portugal, estará a porta do parque, com uma loja de produtos locais, um pequeno auditório e o espaço de recepção dos visitantes do PNPG.

Não muito longe de Ponte
da Barca, encontra-se também em fase de conclusão a porta do Mezio, no concelho de Arcos de Valdevez. Esta entrada do PNPG será local de acesso privilegiado à serra do Soajo, por exemplo, e receberá também um museu onde será integrado o espólio das escavações do núcleo megalítico do Mezio. Mais atrasada, mas com obras no terreno, está a porta leste do parque, em Paradela, concelho de Montalegre.


Hoje, estão em funcionamento duas das portas previstas

Samuel Silva, Público, 13/Agosto/2009

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