" A escassez de uva em Espanha está a provocar uma corrida de compradores, em grandes quantidades e "a dinheiro na mão", à sub-região de Monção e Melgaço. Os produtores aproveitam para vender a preços mais aliciantes.
Em plena época da vindima na sub-região produtora de Alvarinho, poucos são os que desconhecem esta realidade: Sempre que as produções baixam do seu lado, a Galiza vira-se para Portugal. "Os espanhóis estão a comprar uva, principalmente Alvarinho, em Melgaço e Monção. Isto é cíclico, quando há anos de menor produção, eles procuram no lado português, com mais poder de compra como têm, adquirir uvas", afirma o presidente da câmara de Melgaço, Rui Solheiro, admitindo que a situação "cria alguma instabilidade no mercado. Para quem vende a uva, tem a vantagem de eventualmente vendê-la mais cara, mas tem o inconveniente para as adegas de terem dificuldade de garantirem quantidade suficiente de uva e para o produtor que se ilude com essa venda circunstancial, sem perceber que é importante manter quem consome anualmente as uvas e não quem o faz acidentalmente".
"Há muito português a vender aos espanhois, porque lá há escassez. Eles vêm aí com antecedência vêem a uva, fecham negócio e depois na vindima vem cá buscá-la", afirmou um habitante de Melgaço, que pediu anonimato, revelando: "um dia destes veio aí um espanhol buscar quase uma tonelada de uva tinta". Neste concelho, apesar de ninguém o assumir às claras, é voz corrente que "os galegos andam malucos a comprar uva porque lá não têm".
Armando Fontainhas, da Adega de Monção, que recebe boa parte da produção de vinho dos concelhos de Monção e Melgaço, lamenta:"Os espanhóis nos anos em que não há lá vem cá comprar, mas quando há excedente temos se ser nós a ficar com a uva toda". "
Ana Peixoto Fernandes, Jornal de Notícias, 27/09/2008
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