Apesar da chuva que caiu ontem à tarde, as gentes da Peneda-Gerês não arredaram pé e caminharam desde a Arcada até ao Governo Civil de Braga em protesto contra o Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), que esteve em discussão pública até Dezembro e que deve entrar em vigor no próximo mês de Abril.Empunhando faixas e cartazes, o povo fez-se ouvir na Avenida Central e junto ao governo civil, onde disseram “NÃO” às restrições do Plano de Ordenamento do Parque.“Queremos um Parque Nacional com Gente”, “Queremos Respeito pelos Usos e Costu-mes”, “Proibir a Caça Não é Proteger a Natureza” e os “Índios do PNPG pedem Justiça” foram algumas das frases que os mais de mil manifestantes trouxeram à rua, num apelo ao respeito pelo povo e pelos seus interesses.Antes de ser entregue ao representante do Governo Civil de Braga, foi aprovado por unanimidade o documento endereçado à ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, onde as gentes da Peneda-Gerês manifestaram a sua “oposição a qualquer tentativa de imposição de taxas sobre as actividades em território privado”.As mais de duas mil pessoas que legitimam o Movimento Peneda-Gerês com Gente reclamam a “suspensão do processo de revisão do Plano de Ordenamento do PNPG e o início de um novo processo de revisão; a consagração do estatuto das populações locais no novo regulamento; a defesa dos direitos e interesses das populações; a defesa de um plano de ordenamento que valorize o território e as populações e a reformulação dos vectores do desenvolvimento socioeconómico do território”.
Manuel Branco, presidente da Junta de Freguesia de Cabana Maior (Arcos de Valdevez), entidade gestora de baldios, disse ontem aos jornalistas que “estão já a ser recolhidas assinaturas para a eventualidade do assunto ser levado à apreciação da Assembleia da República”.“Estão a querer impôr regras restritivas que vêm colidir com a lei dos baldios”, criticou Manuel Branco, lembrando que com este plano de ordenamento “Gavieira fica quase sem terreno para poder caçar e o Soajo sai também prejuducado”. “Se as populações não estão contentes com as imposições, o PNPG sai prejudicado”, lamentou o autarca de Cabana Maior.
Os partidos políticos PS, PSD e PCP fizeram-se representar na manifestação em Braga.
Ivo Batista - Clube de caça e Pesca do Soajo e gavieira“Viemos da vila do Soajo lutar pelos nossos direitos, sobretudo pelo direito a poder caçar e pelo direito a podermos ter o gado no monte. Este Plano de Ordenamento do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG) não respeita as pessoas e a forma como está definido só vai fazer com que as populações fujam da Peneda-Gerês. O PNPG terá muitos animais mas será um lugar sem gente. Nós esperamos que a população seja ouvida porque se não for em Braga iremos até Lisboa para fazermos valer a nossa opinião”.
Do Soajo, cerca de 300 deslocaram-se a Braga em clara oposição ao plano de ordenamento do PNPG.
João Dinis - confederação Nacional de Agricultura (CNA)“Vimos exprimir a solidariedade activa da CNA aos povos da Peneda-Gerês, contra este abuso que se opõe aos interesses das populações que criaram e dão sentido ao Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). Muito daquilo que lá está deve-se ao trabalho de gerações, ao seu suor e às suas lágrimas. A CNA já reclamou à ministra do Ambiente que suspendesse a regulamentação do PNPG, dizendo que não presta, não serve e que é uma violência. Pedimos para que ouvisse, em primeiro lugar, as populações e os seus representantes e seja respeitada a vontade e o interesse das pessoas”.
Fonte: http://www.correiodominho.com/noticias.php?id=21844
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