Desertificação: Castro Laboreiro perdeu sete estabelecimentos de ensino em 40 anos
Quando, há 40 anos, Constança Rodrigues começou a sua carreira de professora primária em Castro Laboreiro, Melgaço, havia na freguesia seis escolas daquele grau de ensino mais uma telescola. Actualmente, estão todas fechadas, por falta de «clientela».
«Fechou tudo, porque não há crianças. Quando aqui comecei a leccionar, só na minha escola havia 40 alunos», conta à Lusa Constança Rodrigues, actualmente com 70 anos e reformada desde 1999.
Em Castro Laboreiro, todos a tratam, carinhosamente, por «professora». «Ensinei muitas gerações. Nalguns casos, passaram pelas minhas mãos pais, filhos e netos», recorda. Naquele tempo, Castro Laboreiro «respirava infância» por todos os lados.
«Hoje, crianças praticamente não se vêem. Os casais agora têm um filho e ficam por aí. São raros, muito raros, os que têm dois» e a «freguesia está cada vez mais envelhecida», lamenta Constança Rodrigues.
Quando começou a carreira, o seu primeiro ordenado foi de 1.200 escudos (seis euros) e o último de 1900 euros, quando dava aulas na única escola da aldeia, com apenas 13 alunos.
A partir de 2000, Castro Laboreiro deixou de ter qualquer escola e os seus alunos foram transferidos para o Centro Escolar de Pomares, que passou a servir todas as freguesias de montanha do concelho de Melgaço.
Crianças têm aulas em Pomares
Actualmente, de Castro de Laboreiro vão para Pomares apenas dois ou três, que são transportados numa carrinha-táxi, uma solução que a docente reformada elogia.
«Acho muito bem. O isolamento não é nada bom nem para a socialização nem para a aprendizagem das crianças», aplaude Constança Rodrigues.
Situada a uma altitude superior a 1100 metros, Castro Laboreiro conta actualmente com perto de 900 habitantes, distribuídos por quase 90 quilómetros quadrados de área.
No final deste ano lectivo, Melgaço vai contar com um novo centro escolar, na vila, que concentrará os alunos de todas as freguesias da parte baixa do concelho.
Preocupada com a regressão demográfica no concelho, que em meio século perdeu 8000 habitantes, a Câmara de Melgaço começou este ano a atribuir incentivos à natalidade e à adopção.
«Há 50 anos, tínhamos 18 mil habitantes, actualmente são pouco mais de 10 mil», revela o presidente da Câmara de Melgaço.
Apoio à maternidade
O socialista Rui Solheiro recorda que, em 2007, apenas nasceram 50 crianças em Melgaço, um número que espera ver crescer nos próximos anos, com os incentivos que a câmara vai atribuir, ao abrigo do recentemente aprovado Plano de Desenvolvimento Sustentável e Solidário.
Quinhentos euros é o valor do subsídio que a autarquia vai atribuir pelo nascimento ou adopção do primeiro e do segundo filhos.
A partir do terceiro filho, o subsídio ascenderá a mil euros.
A Câmara compromete-se ainda a reembolsar o montante despendido com a mensalidade da creche para os agregados familiares residentes no concelho e que forem incluídos no primeiro escalão da tabela de mensalidades praticada pela instituição.
Redacção / AP, IOL Diário, 27/Março/2009
Quando, há 40 anos, Constança Rodrigues começou a sua carreira de professora primária em Castro Laboreiro, Melgaço, havia na freguesia seis escolas daquele grau de ensino mais uma telescola. Actualmente, estão todas fechadas, por falta de «clientela».
«Fechou tudo, porque não há crianças. Quando aqui comecei a leccionar, só na minha escola havia 40 alunos», conta à Lusa Constança Rodrigues, actualmente com 70 anos e reformada desde 1999.
Em Castro Laboreiro, todos a tratam, carinhosamente, por «professora». «Ensinei muitas gerações. Nalguns casos, passaram pelas minhas mãos pais, filhos e netos», recorda. Naquele tempo, Castro Laboreiro «respirava infância» por todos os lados.
«Hoje, crianças praticamente não se vêem. Os casais agora têm um filho e ficam por aí. São raros, muito raros, os que têm dois» e a «freguesia está cada vez mais envelhecida», lamenta Constança Rodrigues.
Quando começou a carreira, o seu primeiro ordenado foi de 1.200 escudos (seis euros) e o último de 1900 euros, quando dava aulas na única escola da aldeia, com apenas 13 alunos.
A partir de 2000, Castro Laboreiro deixou de ter qualquer escola e os seus alunos foram transferidos para o Centro Escolar de Pomares, que passou a servir todas as freguesias de montanha do concelho de Melgaço.
Crianças têm aulas em Pomares
Actualmente, de Castro de Laboreiro vão para Pomares apenas dois ou três, que são transportados numa carrinha-táxi, uma solução que a docente reformada elogia.
«Acho muito bem. O isolamento não é nada bom nem para a socialização nem para a aprendizagem das crianças», aplaude Constança Rodrigues.
Situada a uma altitude superior a 1100 metros, Castro Laboreiro conta actualmente com perto de 900 habitantes, distribuídos por quase 90 quilómetros quadrados de área.
No final deste ano lectivo, Melgaço vai contar com um novo centro escolar, na vila, que concentrará os alunos de todas as freguesias da parte baixa do concelho.
Preocupada com a regressão demográfica no concelho, que em meio século perdeu 8000 habitantes, a Câmara de Melgaço começou este ano a atribuir incentivos à natalidade e à adopção.
«Há 50 anos, tínhamos 18 mil habitantes, actualmente são pouco mais de 10 mil», revela o presidente da Câmara de Melgaço.
Apoio à maternidade
O socialista Rui Solheiro recorda que, em 2007, apenas nasceram 50 crianças em Melgaço, um número que espera ver crescer nos próximos anos, com os incentivos que a câmara vai atribuir, ao abrigo do recentemente aprovado Plano de Desenvolvimento Sustentável e Solidário.
Quinhentos euros é o valor do subsídio que a autarquia vai atribuir pelo nascimento ou adopção do primeiro e do segundo filhos.
A partir do terceiro filho, o subsídio ascenderá a mil euros.
A Câmara compromete-se ainda a reembolsar o montante despendido com a mensalidade da creche para os agregados familiares residentes no concelho e que forem incluídos no primeiro escalão da tabela de mensalidades praticada pela instituição.
Redacção / AP, IOL Diário, 27/Março/2009
Sem comentários:
Enviar um comentário