sábado, 4 de dezembro de 2010

Gelo no Gerês deixou as populações isoladas

Foi um dia diferente para os habitantes do Parque Nacional da Peneda-Gerês com o primeiro grande nevão do Outono. O gelo deixou aldeias isoladas e deu trabalho aos dezenas de automobilistas que se aventuraram na estrada.

Com a pressa de ir para a lareira, António bem tentava que as suas vacas andassem mais, mas a neve não lhes deu hipótese. "Ainda são novas, não estão habituadas e como não têm correntes para pôr é mais difícil sair do sítio", brincou este pastor do Soajo, em Arcos de Valdevez, vila que ontem se tornou romaria para centenas de curiosos. "É sempre assim, quando há neve. O problema é que depois vão-se embora e nós é que ficamos por cá, no frio e sem nada", acrescentava, enquanto via ao longe mais um carro atascado. "Caem todos como tordos", atirava, ironicamente.

Foi o caso de João Pedro e da namorada que aproveitaram para passar o feriado na neve minhota, que atingiu em alguns locais quase meio metro de altura. "Estou preso. A tracção do carro é atrás e com o gelo já não consigo sair daqui", desabafa ao DN. No entanto, com a ajuda de outros populares o carro lá foi ganhando balanço, depois de provocar uma fila de uma dezenas de viaturas.

A mais de 500 metros de altitude a estrada é já praticamente intransitável, não há rede de telemóvel, e um espesso manto de neve cobre o santuário da Peneda. Mais à frente, entre Arcos de Valdevez e Melgaço, já ninguém passa. "Cai um bocado de neve nessas localidades por aí abaixo e toda a gente fala. Aqui ficamos dois e três dias quase sem conseguir passar, e ninguém quer saber", queixa-se Rosa Maria, de Lamas de Mouro, a freguesia mais afectada pelo nevão.


Diário de Notícias, 02-12-2010

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