Mau tempo da última semana fez disparar os gastos das autarquias. Só em Montalegre foram 100 mil euros
Uma semana de nevões intensos no Norte e no interior do País custou às autarquias quase meio milhão de euros. A maior despesa foi com centenas de toneladas de sal usadas para desimpedir vias. Só a autarquia de Montalegre gastou perto de cem mil euros.
A primeira contagem dos prejuízos peca, contudo, por defeito, porque ainda falta pagar as horas extraordinárias aos funcionários e os gastos com combustível. E há ainda impactos indirectos, por exemplo no comércio que não abriu. Ontem tudo parecia ter voltado à normalidade, embora tivesse chovido muito e nove distritos continuassem em aviso laranja por causa do mau tempo.
No topo dos concelhos mais afectados estão os da região do Alto Tâmega: Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. O forte nevão que se abateu sobre a região transmontana, e que até nem trouxe muitos turistas porque as acessibilidades estavam condicionadas, deu grandes dores de cabeça aos autarcas. Tiveram de pagar horas extraordinárias aos funcionários e contratar tractores para espalhar, ininterruptamente, mais de cem toneladas de sal nas estradas para as tornarem transitáveis.
O autarca de Montalegre garante que a sua é das autarquias mais bem preparadas para enfrentar estas intempéries. Fernando Rodrigues teve no terreno 12 limpa-neves e quatro máquinas para espalhar sal nas estradas, num investimento de cem mil euros. Gastos semelhantes tiveram as autarquias de Boticas e Vila Pouca de Aguiar. Fernando Campos, de Boticas, garante que os números vão ascender aos cem mil euros. Até porque, diz, "ainda há meios no terreno e a situação ainda não está dentro da normalidade".
Os custos avançados pela câmara de Vila Pouca de Aguiar apontam para cem mil euros de prejuízos. Aí, a Protecção Civil usou 25 toneladas de sal. Em Chaves e Valpaços os custos são de 25 mil euros. Em Ribeira de Pena, onde se espalharam 40 toneladas de sal pelas estradas, gastaram-se 20 mil.
Apesar de as principais estradas estarem na jurisdição das Estradas de Portugal, o desimpedimento das vias foi feito, em boa parte, por equipas da Protecção Civil que as autarquias colocaram no terreno, pagando também tractores e equipas de limpeza reforçadas.
A neve que caiu em Arcos de Valdevez obrigou a autarquia a alugar três retroescavadores, que espalharam mais de 300 quilos de sal pelas estradas. A despesa foi superior a cinco mil euros. Em Melgaço, onde se viveu a situação mais complicada, só em sal a câmara gastou 5500 euros. "Foram precisas 25 toneladas de sal para distribuir entre terça e sábado, com sete pessoas em permanência nas zonas de montanha", explicou ao DN Rui Solheiro, autarca de Melgaço, onde as aldeias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro ficaram isoladas. "Além disso, ainda temos gastos com o limpa-neves comprado em 2009."
Ainda assim, diz Rui Solheiro, a autarquia decidiu comprar uma retroescavadora. "Tínhamos de recorrer ao limpa-neves da Estradas de Portugal, que nem sempre estava imediatamente disponível", conta o autarca, garantindo que o aparelho esteve "praticamente sem parar" até sábado. "Ainda falta quantificar o tempo dos funcionários e gastos com combustíveis", disse.
Em Arcos de Valdevez foram gastos mais de 5000 euros", explica Martinho Araújo, vereador. No Soajo, em pleno Gerês, vários lugares chegaram a estar isolados.
No Centro do País, um dia de neve custou mais de 2500 euros por município, com a compra e transporte de sal, combustível e horas de trabalho da Protecção Civil. Na Guarda foram gastos em sal dez mil euros, mas a despesa subirá com a reposição de stocks. O Sabugal gastou 17 500 euros, a que "acrescem os prejuízos, não calculados, do comércio e dos serviços encerrados".
Paulo Silva Reis, Amadeu Araújo e Paulo Julião, Diário de Notícias, 07-12-2010
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