terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Primeiro nevão custou 500 mil euros

Primeiro nevão custou 500 mil euros


Mau tempo da última semana fez disparar os gastos das autarquias. Só em Montalegre foram 100 mil euros


Uma semana de nevões intensos no Norte e no interior do País custou às autarquias quase meio milhão de euros. A maior despesa foi com centenas de toneladas de sal usadas para desimpedir vias. Só a autarquia de Montalegre gastou perto de cem mil euros.

A primeira contagem dos prejuízos peca, contudo, por defeito, porque ainda falta pagar as horas extraordinárias aos funcionários e os gastos com combustível. E há ainda impactos indirectos, por exemplo no comércio que não abriu. Ontem tudo parecia ter voltado à normalidade, embora tivesse chovido muito e nove distritos continuassem em aviso laranja por causa do mau tempo.

No topo dos concelhos mais afectados estão os da região do Alto Tâmega: Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. O forte nevão que se abateu sobre a região transmontana, e que até nem trouxe muitos turistas porque as acessibilidades estavam condicionadas, deu grandes dores de cabeça aos autarcas. Tiveram de pagar horas extraordinárias aos funcionários e contratar tractores para espalhar, ininterruptamente, mais de cem toneladas de sal nas estradas para as tornarem transitáveis.

O autarca de Montalegre garante que a sua é das autarquias mais bem preparadas para enfrentar estas intempéries. Fernando Rodrigues teve no terreno 12 limpa-neves e quatro máquinas para espalhar sal nas estradas, num investimento de cem mil euros. Gastos semelhantes tiveram as autarquias de Boticas e Vila Pouca de Aguiar. Fernando Campos, de Boticas, garante que os números vão ascender aos cem mil euros. Até porque, diz, "ainda há meios no terreno e a situação ainda não está dentro da normalidade".

Os custos avançados pela câmara de Vila Pouca de Aguiar apontam para cem mil euros de prejuízos. Aí, a Protecção Civil usou 25 toneladas de sal. Em Chaves e Valpaços os custos são de 25 mil euros. Em Ribeira de Pena, onde se espalharam 40 toneladas de sal pelas estradas, gastaram-se 20 mil.

Apesar de as principais estradas estarem na jurisdição das Estradas de Portugal, o desimpedimento das vias foi feito, em boa parte, por equipas da Protecção Civil que as autarquias colocaram no terreno, pagando também tractores e equipas de limpeza reforçadas.

A neve que caiu em Arcos de Valdevez obrigou a autarquia a alugar três retroescavadores, que espalharam mais de 300 quilos de sal pelas estradas. A despesa foi superior a cinco mil euros. Em Melgaço, onde se viveu a situação mais complicada, só em sal a câmara gastou 5500 euros. "Foram precisas 25 toneladas de sal para distribuir entre terça e sábado, com sete pessoas em permanência nas zonas de montanha", explicou ao DN Rui Solheiro, autarca de Melgaço, onde as aldeias de Castro Laboreiro e Lamas de Mouro ficaram isoladas. "Além disso, ainda temos gastos com o limpa-neves comprado em 2009."

Ainda assim, diz Rui Solheiro, a autarquia decidiu comprar uma retroescavadora. "Tínhamos de recorrer ao limpa-neves da Estradas de Portugal, que nem sempre estava imediatamente disponível", conta o autarca, garantindo que o aparelho esteve "praticamente sem parar" até sábado. "Ainda falta quantificar o tempo dos funcionários e gastos com combustíveis", disse.

Em Arcos de Valdevez foram gastos mais de 5000 euros", explica Martinho Araújo, vereador. No Soajo, em pleno Gerês, vários lugares chegaram a estar isolados.

No Centro do País, um dia de neve custou mais de 2500 euros por município, com a compra e transporte de sal, combustível e horas de trabalho da Protecção Civil. Na Guarda foram gastos em sal dez mil euros, mas a despesa subirá com a reposição de stocks. O Sabugal gastou 17 500 euros, a que "acrescem os prejuízos, não calculados, do comércio e dos serviços encerrados".


Paulo Silva Reis, Amadeu Araújo e Paulo Julião, Diário de Notícias, 07-12-2010

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